Mulheres trabalhando em escritório
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A necessidade urgente de promover a inclusão produtiva de mulheres no Brasil

No ritmo atual, serão necessários 169 anos para a paridade econômica e 162 anos para a paridade política entre homens e mulheres. No Brasil, essa disparidade é especialmente evidente em áreas de ciência, tecnologia, engenharia, arte e matemática (STEAM), onde as mulheres são sub-representadas.

Global Gender Gap Report 2023 do Fórum Econômico Mundial revelou uma realidade alarmante: para eliminar as desigualdades de gênero serão necessários 131 anos. Este relatório destaca que, apesar dos avanços, as mulheres continuam a enfrentar barreiras significativas para sua plena participação econômica e social. No ritmo atual de progresso, serão necessários 169 anos para a paridade econômica e 162 anos para a paridade política. No Brasil, essa disparidade é especialmente evidente em áreas de ciência, tecnologia, engenharia, arte e matemática (STEAM), onde as mulheres são sub-representadas.

No 1 Milhão de Oportunidades (1MiO), entendemos que promover a inclusão produtiva de mulheres e meninas não é apenas uma questão de justiça social, mas uma necessidade para o desenvolvimento do país. Desde o lançamento de nossa iniciativa, temos trabalhado para criar um ambiente no qual todas as jovens possam ter acesso a oportunidades de trabalho decente, especialmente aquelas que enfrentam desafios maiores, como meninas na ciência, mulheres negras e jovens mães.

Os dados do relatório são claros: precisamos agir agora. Nos setores que estão moldando o futuro, as mulheres ainda enfrentam obstáculos ainda maiores para entrar e progredir no mundo do trabalho. A falta de representatividade feminina em STEAM, por exemplo, é um reflexo das barreiras estruturais que começam na educação básica e se estendem ao longo da carreira profissional.

O Global Gender Gap Report 2023 revelou que a participação econômica das mulheres no Brasil continua baixa, com apenas 59% das mulheres economicamente ativas, em comparação com 79% dos homens. Além disso, as mulheres ganham, em média, 22% a menos que os homens, mesmo quando ocupam cargos semelhantes. Essa desigualdade salarial reflete um problema estrutural que precisa ser abordado urgentemente.

Outro dado de destaque do relatório é que apenas 27% das mulheres ocupam cargos de liderança no Brasil, o que revela a necessidade de promover políticas e práticas que incentivem a ascensão feminina em posições de decisão.

Estes são dados que não refletem a quantidade e a importância do trabalho realizado pelas mulheres no Brasil. Segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), brasileiras trabalham cerca de 11 horas a mais do que os brasileiros todas as semanas, mas as horas de trabalho extra não são remuneradas e sequer ganham importância quando a questão é progressão de carreira, uma vez que este (apesar de fundamental) ainda é um trabalho invisibilizado: o de cuidado. Apesar de ser pouco ou nada valorizado, essa jornada exaustiva das brasileiras representaria 8,6% a mais no produto interno bruto (PIB) nacional, caso fosse remunerada.

O Brasil precisa de medidas que garantam a equiparação salarial, incentivem a participação feminina em todos os setores e promovam a ascensão das mulheres a cargos de liderança. Além disso, é urgente implementar políticas públicas que fomentem a inclusão produtiva de jovens, acelerando a redução das desigualdades socioeconômicas.

Investir na inclusão produtiva de mulheres e jovens é investir no futuro do Brasil. As políticas públicas devem refletir esse compromisso, criando um ambiente onde todas as pessoas tenham as mesmas oportunidades de crescimento e desenvolvimento. A mudança precisa começar agora, e cada passo em direção à igualdade de gênero e inclusão produtiva é um passo em direção a um país mais justo e próspero.

 

Publicado em 10/07/2024

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