Crédito: Raoni Liborio (UNICEF / Ceará)
GenU

Três desafios e os caminhos para a inclusão produtiva dos jovens

Com o Dia da Juventude em foco, comemorado em 12 de Agosto, temos uma oportunidade para pensarmos sobre a inclusão produtiva dos jovens. Neste artigo, discutimos os principais desafios que os jovens enfrentam, como a desigualdade de oportunidades, a desconexão entre educação e mundo do trabalho, e a falta de políticas públicas eficazes.

A inclusão produtiva dos jovens é um tema central para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil, um país com uma vasta população jovem. No Dia da Juventude, celebrado em 12 de agosto, muito se fala sobre o “futuro” dos jovens. No entanto, é preciso transformar o presente, agora. Estamos em uma janela crítica de 30 anos para agir, pois a população jovem, que por muito tempo esteve entre 40 e 50 milhões, diminuirá em pelo menos 13 milhões nas próximas três décadas. A necessidade de ação rápida e colaborativa nunca foi tão urgente para garantir um futuro próspero para todos. Contudo, diversos obstáculos continuam a dificultar a inclusão produtiva de maneira digna e equitativa. Entre os principais desafios estão a desigualdade de oportunidades, a desconexão entre educação e mercado de trabalho, e a falta de políticas públicas integradas e eficazes.

Desigualdade de oportunidades

Jovens de famílias de baixa renda ou que residem em áreas rurais e periferias urbanas enfrentam dificuldades significativas para acessar educação de qualidade. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 40% dos jovens entre 15 e 29 anos que abandonaram os estudos citaram a necessidade de trabalhar como principal motivo. Esta realidade é agravada pela falta de políticas públicas direcionadas a esses grupos, perpetuando ciclos de pobreza e exclusão.

Educação desconectada do mundo do trabalho

A educação é um pilar essencial para a inclusão produtiva, mas a conclusão do ensino médio, por si só, não basta. É necessário alinhar a educação formal com as demandas do mercado de trabalho, promovendo tanto conhecimentos teóricos quanto habilidades práticas e socioemocionais. Hoje, no entanto, observamos uma desconexão significativa entre o sistema educacional e o mercado de trabalho. Pesquisa do Datafolha, feita a pedido do Todos pela Educação, de abril de 2024, mostra que sete em cada dez estudantes pretendem estudar e trabalhar durante o ensino médio. Essa falta de conexão resulta em currículos que não preparam os jovens para as demandas reais do mercado, limitando suas oportunidades de emprego.


Falta de políticas públicas integradas

Para superar esses desafios, é preciso implementar políticas públicas integradas e eficazes. A professora Maria Carla Corrochano, da UFSCAR, sugere a criação de programas de qualificação profissional acessíveis a todos os jovens, incentivo ao empreendedorismo jovem e estágios remunerados. Essas iniciativas poderiam contribuir significativamente para a inclusão produtiva dos jovens sem que eles precisem abandonar os estudos.

O papel do setor privado

Além das políticas públicas, o setor privado desempenha um papel vital na inclusão produtiva dos jovens. Empresas podem desenvolver programas de treinamento e estágios, oferecer mentorias e criar políticas de diversidade e inclusão. As parcerias entre os setores público e privado são essenciais para criar mais oportunidades de emprego e formação para os jovens. Tais parcerias podem resultar na criação de programas de estágio e aprendizagem, onde as empresas oferecem treinamento prático enquanto os jovens ainda estão estudando, moldando futuros funcionários conforme suas necessidades específicas.

Outros caminhos

Outras soluções incluem a reforma do ensino médio para torná-lo mais prático e alinhado com o mercado de trabalho, programas que ofereçam orientação profissional, aconselhamento psicológico e mentoria, e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais. O governo e as instituições educacionais devem trabalhar juntos para integrar essas formas de apoio em programas educacionais e de formação profissional.

Este Dia da Juventude é uma oportunidade para refletir sobre os desafios da inclusão produtiva dos jovens, que são complexos e multifacetados. Uma abordagem abrangente é necessária, incluindo melhorias na educação, políticas públicas eficazes, engajamento do setor privado e atenção às questões de diversidade e inclusão. Somente com um esforço coletivo e coordenado é possível garantir que os jovens possam contribuir produtivamente para a sociedade, promovendo o desenvolvimento sustentável e a justiça social.

Para saber mais: a inclusão produtiva dos jovens foi tema de um debate no programa Expressão Nacional, da TV Câmara, que contou com a participação do coordenador do 1MiO, Gustavo Heidrich. Assista a trechos aqui.

 

Texto originalmente publicado no Linkedin em 10/08/2024.

Tópicos Relacionados